O Milênio
Apocalipse 4:1 a 20:15
O reino de “mil anos” aqui referido segue os sete anos da Tribulação e termina com a rebelião e juízo finais (Apocalipse 20:2-7). São seis versículos no Apocalipse, mas encontramos informações detalhadas nas profecias do Velho Testamento sobre esse período, especialmente no que diz respeito ao povo de Israel (Isaías 32-35, 65 etc.).
Sobre a Igreja de Cristo especificamente, pouco encontramos no Velho Testamento, pois ainda era um mistério para ser revelado. O Novo Testamento nos diz mais, especialmente nos ensinos por parábolas do Senhor Jesus. Por exemplo, vejamos as três parábolas em Mateus capítulo 25:
1. A parábola das dez virgens (vs. 1 a 13)
A palavra inicial “então”, que faz a conexão com o capítulo 24, coloca esta parábola claramente na ocasião da volta do Rei à terra, no meio do seu casamento com Sua noiva (a Igreja). A cena da parábola é parte do casamento, quando, depois de casados, o esposo leva a esposa para o banquete nupcial, ou ceia das bodas, acompanhados por dez damas de honra. Estas representam os que se dizem cristãos na terra na vinda do Senhor. Só uma parte deles é autêntica e tem o Espírito Santo: os demais são falsos e serão rejeitados pelo Senhor. O fato que todas as dez virgens dormiram mostra que externamente não havia muito para diferenciá-las.
2. A parábola dos talentos (vs. 14 a 30)
Esta parábola é uma ilustração de como a responsabilidade e autoridade serão delegadas aos Seus servos no Seu reino: quem fizer melhor uso dos seus talentos na Sua ausência (o tempo atual aqui na terra), será premiado com maior autoridade na Sua volta.
3. O julgamento das nações
Na volta do Rei haverá um julgamento das nações sobreviventes, este julgamento não deve ser confundido com o do tribunal de Cristo, limitado à Sua Igreja (Romanos 14:10; 1 Coríntios 3:11-15; 2 Coríntios 5:9-10), ou o julgamento final do “grande trono branco” depois do Milênio, em que serão julgados os mortos que não participaram da primeira ressurreição (Apocalipse 20:11-15). Todas essas nações terão passado pela grande tribulação, durante a qual haverá grande perseguição aos judeus, e as nações gentílicas serão julgadas de acordo com o tratamento que deram a Israel (Joel 3:1-3): o Senhor Jesus disse que o que tiverem feito "a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes". Haverá então a separação das pessoas de cada nação segundo esse critério, dando direito à entrada no Seu reino do milênio àqueles que tiverem tido compaixão dos judeus perseguidos. O Senhor disse que era como se o bem que lhes tiverem feito fosse para Ele próprio, e Ele os chamou de "justos" e "benditos do meu Pai". Os demais, os "malditos", serão condenados ao "fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos", o "lago de fogo e enxofre", lugar de tormento eterno.
Nestas parábolas, o Senhor estava ensinando três critérios para a entrada dos sobreviventes da grande tribulação no Seu reino do milênio:
- Os que estiverem esperando a Sua vinda, convertidos e, portanto, tendo o Espírito Santo.
- Os que amam o Senhor e se dedicam ao Seu serviço.
- Os gentios que tiverem demonstrado compaixão e ajudado os judeus cristãos perseguidos.
É preciso discernir bem o que Ele revelou a respeito da Igreja de um lado e Israel de outro dentro do Seu reino. Existem várias interpretações por causa disso, mas vamos nos ater apenas àquela que nos parece ser a mais correta.
Quando o reino milenar começar, todos os homens em seus corpos naturais serão justos:
- Os judeus todos terão se convertido antes da segunda vinda de Cristo (Romanos 11:26).
- Os gentios terão sido julgados durante um pequeno intervalo de setenta e cinco dias entre o fim da tribulação e o início do reino milenar, segundo a maneira como trataram os judeus durante a tribulação, conforme a terceira parábola acima (Mateus 25:31-46).
A esses justos, "benditos de Meu Pai", será dada a posse do reino, bem como a vida eterna.
Os membros da Igreja de Cristo e os mártires da grande tribulação descerão dos céus e reinarão com Ele (Apocalipse 20:4) em seus corpos transformados, recebendo autoridade conforme haviam usado seus talentos em terra (Mateus 25).
O Senhor Jesus será o supremo Rei da terra durante esses mil anos (Mateus 25:31). Todos os santos (Velho Testamento, Igreja, Tribulação) governarão com Ele, em seus corpos de glória. O Seu reino consistirá de duas áreas principais:
1. Israel, sob o rei Davi:
Será dividida em doze tribos sob a autoridade dos doze apóstolos. Israel liderará as nações (Mateus 19:28)
2. As nações gentias, que serão governadas:
a) Pelos membros da Igreja de Cristo (Salmo 149:6-9; Daniel 7:9,18,27; Romanos 8:17; 1 Coríntios 6:2-4; 2 Timóteo 2:12; Hebreus 12:28; Apocalipse 1:6, 2:26-27, 3:21, 5:10, 12:5, 20:4). Eles se sentarão em tronos - e a autoridade de cada um terá sido outorgada diante do tribunal de Cristo depois do arrebatamento, de conformidade com a sua fidelidade como servos de Cristo durante a sua vida na terra (Lucas 19:12-27).
b) Pelos santos da tribulação: os que foram degolados por causa do testemunho de Jesus no período da tribulação e foram mencionados na abertura do quinto selo, e os que não adoraram a besta ou a sua imagem, nem receberam a marca 666 na sua testa ou sua destra (Apocalipse 20:4).
c) Por reis em seus corpos naturais.
A sede do governo mundial será o novo templo que Cristo terá construído em Jerusalém (Isaías 2:2-4; Ezequiel 43:7, 48:35; Daniel 2:44-45, 7:13-27; Zacarias 6:12-13,14:8-9; Apocalipse 11:15). Todo o território em que Jerusalém se encontra atualmente será elevado para formar uma grande montanha, que virá a ser a mais alta no mundo. A cidade e o templo serão reconstruídos sobre um vasto planalto de uns 2.500 km² no cume da montanha (Isaías 2:2-4; Miquéias 4:1-2; Ezequiel 17:22-24, 20:40-41, 40:1-4, 45:1-8, 48:8-20), e Israel viverá em sua própria terra (Isaías 43:5-7; Jeremias 31:7-10; Ezequiel 11:14-18, 47:13-48:35). Haverá sacerdotes e levitas servindo no novo templo, com rituais simbólicos (Isaías 66:19-24; Ezequiel 43:19-27, 44:9-31; Zacarias 14:16-21), e serão celebradas festas incluindo a páscoa (Ezequiel 45:21; Mateus 26:29).
Um rio fluirá de debaixo do templo em direção ao sul, dividindo-se em dois braços: um em direção ao ocidente para o mar Mediterrâneo, o outro para o oriente para dentro do mar Morto, que reviverá ao ponto de sustentar peixes em abundância (Ezequiel 47).
Todas as nações mandarão os seus representantes a Jerusalém anualmente, para adorar o Senhor (Zacarias 14:16-21; Isaías 2:1-4, 35:3-9), e serão promulgadas leis em Jerusalém para todas as nações: o Sermão do Monte nos dá uma amostra delas (Mateus 5 e 6). Haverá mais luz natural, pois a luz da lua será mais forte do que a luz atual do sol, e a luz do sol aumentará sete vezes (Isaías 30:26, 60:18-22). Os desertos florescerão como a rosa (Isaías 35:1-10, 55:12-13; Ezequiel 36:8-12; Joel 2:18-27, 3:17-21; Amós 9:13-15). Haverá grandes estradas cobrindo a terra (Isaías 11:16, 19:23-25, 35:7-8).
Haverá paz, prosperidade e justiça para todos (Isaías 2:4, 9:6-7, 11:3-5, 65:20-25, 66:1-2; Miqueias 4:3-5, Malaquias 1:11; Mateus 5:1 a 7:29), e a população em seus corpos naturais se reproduzirá e crescerá normalmente (Isaías 9:6-7, 59:20; Jeremias 30:19, 33:22; Oséias 1:10). Todos os povos estarão submetidos a uma disciplina firme – o cetro de ferro de Cristo (Apocalipse 19:15) – e livres da influência de Satanás. Os regenerados, assim como os justos admitidos no início, viverão eternamente (Apocalipse 21:4). Os injustos, ao atingirem os cem anos, morrerão (Isaías 65:20).
Provavelmente este será o período de maior explosão populacional nesta terra, livre de enfermidades e conflitos, e o florescimento dos desertos contribuirá para o amplo sustento da sua imensa população.