Êxodo 19:8 a Mateus 27:56 - veja João 1:17, Gálatas 3:17
Resgatado pela forte mão de Deus da escravidão do Egito, o povo israelita (descendente de Jacó) liderado por Moisés entrou na península de Sinai, e acampou no deserto junto ao monte do mesmo nome. Moisés subiu ao cume do monte e ali recebeu do Senhor pessoalmente 613 mandamentos que compunham a Sua lei para o povo de Israel. Dez destes mandamentos foram gravados em duas tábuas de pedra, e estas foram colocadas dentro da “arca do concerto”.
Isto aconteceu exatamente 430 anos depois que Deus fizera sua promessa em três partes a Abrão: terra, nação e bênção para todas as famílias da terra (Gênesis 12:1-3).
A lei compreendia instruções detalhadas com respeito ao comportamento do povo de Israel em relação a Deus, aos outros povos, e entre si. Todos os israelitas deviam se submeter aos seus ditames integralmente, bem como o estrangeiro que peregrinasse entre eles (Êxodo 12:49). Foram também estabelecidas na lei as penalidades para os infratores, os rituais do culto ao Senhor, bem como dos sacrifícios e ofertas, e os dias do calendário que deviam ser dedicados a fins especiais.
O Senhor Jesus resumiu toda a lei em duas frases:
- “Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus é o único Senhor. Amarás, portanto, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Marcos 12:30).
- “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31).
O tempo da lei durou por dezenove séculos, desde a entrega da lei a Moisés até o início da igreja de Cristo, e foi restrito ao convênio feito por Deus com o povo de Israel, embora se admitissem gentios em certas circunstâncias.
Moisés, por intermédio de quem a lei foi dada a Israel, figura como personagem principal a quem o Senhor deu grande parte da Sua revelação básica concernente a este tempo. Esta foi complementada no resto do tempo por revelações aos muitos profetas que o Senhor levantou em Israel.
Competia aos israelitas obedecer integralmente a lei, com seus 613 mandamentos, e obedecer aos profetas que recebiam comandos de Deus para esclarecimento e definição da lei, dar-lhe significado e explicá-la. A quebra de um só destes mandamentos traria a culpa da quebra de todos eles (Tiago 2:10). Mas os israelitas não cumpriram a lei em sua totalidade (Romanos 10:1-3). Na realidade, não somente deixaram de cumprir a lei, mas procuraram contorná-la estabelecendo sua própria justiça. Acrescentaram suas próprias versões para evitar cumpri-la.
Mais importante ainda, os israelitas deviam aceitar e crer no Profeta que surgiria, semelhante ao Senhor e a Moisés (Deuteronômio 18:15-19). O Senhor Jesus provou de muitas formas que era esse Profeta, o Messias (Ungido) e denunciou os escribas e fariseus, líderes de Israel do Seu tempo, não só porque rejeitaram Sua reivindicação de ser o Messias, mas também porque levaram a nação a rejeitar Suas afirmações (João 1:9-11).
O julgamento da nação israelita pela sua desobediência e rejeição de Jesus Cristo veio no ano 70 AD com a destruição de Jerusalém e do templo, e o exílio e a dispersão dos judeus pelo mundo afora, perdendo a sua terra.
No entanto, Deus revelou Sua graça aos israelitas durante todo o tempo da lei ao lhes conceder um sistema de sacrifícios, para que seus pecados pudessem ser cobertos e os culpados restaurados à Sua comunhão. Na realidade o sangue dos animais sacrificados não podia salvá-los da pena do seu pecado, mas o sacrifício se fazia em obediência à lei de Deus. O sangue representava a vida de um animal inocente dado em lugar da vida do infrator, que estava sujeito à pena de morte por causa do pecado (Romanos 6:23). Pela graça de Deus o animal representava o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, que viria para salvar o mundo do pecado (João 1:23), e o ofertante arrependido era assim salvo pela sua fé.
Deus em Sua graça também proveu juízes, reis e profetas aos israelitas: juízes para livrá-los dos povos que os atacavam, alguns reis justos para lhes darem justiça e retidão, profetas para explicar as leis, chamar o povo à obediência e apontar suas falhas para incentivá-los ao arrependimento.
O tempo da Lei terminou quando o seu Autor, o Rei de Justiça, se fez carne, habitou entre os homens, cumpriu perfeitamente toda a Lei, e finalmente deu a Sua vida numa cruz, como sacrifício pelos pecados de todos os que O aceitam como seu Senhor e Salvador. Seu corpo ficou sepultado por três noites e três dias, depois ressuscitou, foi visto por centenas de testemunhas por quarenta dias, e voltou novamente à presença do seu Pai no céu.
Desde essa morte vicária de Cristo, todo aquele que se arrepende dos seus pecados, e recebe o Senhor Jesus Cristo como seu único e verdadeiro Salvador, é totalmente perdoado por Deus e imediatamente se torna membro da igreja universal de Cristo. Assim se deu início ao “Tempo da Igreja”.
O templo israelita foi completamente destruído pelo exército romano trinta anos mais tarde, seu sacerdócio foi extinto e a nação de Israel, perdida a posse da sua terra, se espalhou pelo mundo. Não obstante, o privilégio do arrependimento e conversão a Cristo, e participação na Sua igreja, é estendido também a todos os israelitas.