Atos 2:1 a Apocalipse 3:22 - Veja Mateus 16:18
Estamos vivendo no tempo da Igreja, que se iniciou com o batismo do Espírito Santo sobre os discípulos sete semanas depois da ressurreição de Cristo, e terminará no dia em que a Sua Igreja estiver completa. Nesse dia o Senhor Jesus virá nos ares para arrebatá-la e levá-la à Sua morada celeste, tanto os seus membros vivos como também os mortos ressurretos; seus corpos serão transformados para serem como o do Senhor Jesus em Sua ressurreição. Este tempo presente já durou por dois milênios, e há indícios que poderá estar terminando em breve.
É também dito ser o tempo da graça, pois está escrito no Evangelho de João: “Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (capítulo 1:17). Mas, embora a amplitude da graça de Deus se veja com mais abundância durante este período da história, ela não deixou de estar presente em todos os tempos.
De Gênesis 12 até Malaquias 4 a narrativa bíblica gira quase exclusivamente ao redor de Abraão, seus ascendentes e descendentes. Quando o Senhor Jesus veio à Terra, Ele foi rejeitado por Israel. Como resultado, durante o tempo da Igreja, Deus pôs de lado essa nação que havia gerado para ser Seu povo especial na Terra. Os judeus e os gentios estão agora no mesmo nível diante de Deus, mas depois que a Igreja for concluída e arrebatada, Deus vai retomar o seu programa com Israel como Sua nação especial no mundo (Romanos 11:16 a 26).
A vinda do Espírito Santo envolveu:
- Um ruído como o de um vento impetuoso vindo do céu, que encheu toda a casa onde os discípulos estavam sentados. O vento, assim como óleo, fogo e água, simboliza a fluidez do Espírito Santo e Seus movimentos soberanos e imprevisíveis.
- Algo para se ver, que eram umas línguas como de fogo que se distribuíam, pousando cada uma em um dos discípulos (não eram realmente de fogo, mas se pareciam com ele). Não devemos confundir esse batismo do Espírito Santo (v. 4) com o batismo de fogo: às vezes são mencionados juntos (Mateus 3:11-12, Lucas 3:16-17), mas são bem diferentes, pois o primeiro é uma bênção, habitando e fortalecendo os crentes e o segundo é um castigo para destruir os descrentes.
- Todos ficaram cheios do Espírito Santo. Antes, conforme relatado no Velho Testamento, o Espírito vinha sobre os homens: não residia neles (Salmo 51:11), mas a partir desse dia de Pentecostes veio para ficar (João 14:16).
Desde então, a Igreja de Cristo, formada por todos os que se arrependem dos seus pecados e O aceitam e obedecem como seu Senhor e Salvador, compreendendo judeus e gentios, permanece na Terra até o dia em que o próprio Senhor Jesus virá nos ares para arrebatá-la: os vivos e os mortos ressuscitados, todos com corpos transformados, para o lugar preparado para eles nos céus (João 14:2,3, 1 Tessalonicenses 4:16,17). Aqui terminará o tempo da Igreja na Terra.
O apóstolo Paulo recebeu mais instruções do Senhor para as igrejas locais do que qualquer outro homem, e as transmitiu em suas várias cartas, ou epístolas, do Novo Testamento. Entre elas se encontra a sua epístola aos Efésios, de interesse geral para todas as igrejas. No capítulo 3 ele informa que foi ele quem recebera a revelação especial do Espírito Santo que os crentes gentios e judeus são coerdeiros e membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do Evangelho, do qual foi feito ministro, segundo o dom da graça de Deus. Esse corpo é o corpo de Cristo, a Sua Igreja.
De uma forma especial, Deus mostrou a Paulo Seu plano para a Igreja de Cristo, composta de judeus convertidos e gentios convertidos. Este era um mistério (segredo divino até então desconhecido pelos homens), ao qual Paulo já tinha aludido brevemente nos capítulos 1:9-14,22,23 e 2:11-22. O que escrevera sobre o assunto era suficiente para assegurar aos seus leitores que recebera uma revelação dada por Deus sobre o mistério de Cristo.
Os versículos 5 e 6 de Efésios 3 nos dão a definição mais completa que temos do mistério. Paulo explica o que é um mistério, e em seguida o que é o mistério do Cristo:
- Mistério é uma verdade que, em outros tempos, não fora revelada aos homens. Por exemplo, o tempo da Igreja é omitido da “profecia das setenta semanas” (Daniel 9:24 a 27). Isto significa que é fútil procurá-la no Velho Testamento.Pode haver uns tipos e figuras dela ali, mas a verdade da Igreja era desconhecida naquele tempo.
- Essa é a verdade que foi revelada pelo Espírito Santo aos santos apóstolos e profetas. Deus foi o Revelador; os apóstolos e profetas foram escolhidos para receber a revelação; o Espírito Santo foi o canal através do qual a revelação veio a eles. Os profetas a quem foi revelada só podiam ser os do Novo Testamento, pois os profetas do Velho Testamento haviam morrido séculos antes.
Vivemos, portanto, agora no tempo da Igreja, quando israelitas e gentios estão no mesmo nível espiritual diante de Deus como nunca antes. O tempo atual, da Igreja, pode ser visto como uma espécie de parêntese entre os tempos do passado e do futuro de Israel. É uma nova fase inserida no programa divino que nos é revelada. Depois que a Igreja for concluída e arrebatada para seu lar celestial, Deus voltará ao seu programa com a nação de Israel.
Paulo dá uma explicação bastante detalhada deste tempo da Igreja. Os membros da Igreja são privilegiados como resultado de sua união com Cristo. A prisão de Paulo nesta ocasião ocorreu devido aos ciúmes dos judeus porque ensinava que, na Igreja, os gentios crentes agora gozavam de direitos e privilégios iguais aos dos judeus crentes na Igreja (Atos 21:29).
Paulo descreve seu ministério como dom da graça de Deus “de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus... para que agora seja manifestada, por meio da Igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor ...” (Efésios 3:8 a 11). A graça de Deus se vê em três sentidos:
1. Quanto ao mensageiro: Paulo não se considerava merecedor dessa posição honrada (1 Timóteo 1:13).
2. Quanto ao conteúdo da mensagem: revela a bondade universal de Deus.
3. Quanto aos destinatários: são os inimigos de Deus (Romanos 5:10).
Paulo não tinha aprendido este mistério de qualquer outra pessoa, nem o tinha descoberto através de sua própria inteligência. Só veio a saber dele por direta revelação de Deus, não nos diz onde, como ou quando. Tudo o que sabemos é que Deus mostrou a Paulo Seu plano para uma Igreja composta igualmente de gentios e judeus.
Convém prevenir que existe hoje um conceito permeado em algumas igrejas que contraria o ensino bíblico acima. Segundo este conceito, "a Igreja realmente já existia no Velho Testamento, no povo de Israel, pois os sacrifícios da lei eram símbolos de Cristo. Depois que foi morto, sem pecado, Ele realizou o que tinha sido simbolizado na lei. Em outros tempos o mistério de que Paulo fala não era conhecido tão bem, só isso. Ele nos faz uma revelação mais completa, mas continuamos sendo o Israel de Deus, isto é, uma continuação do povo de Deus".
Para apoiar o seu argumento, eles apontam para Atos 7:38, numa tradução inglesa da Bíblia onde a nação de Israel é chamada a “igreja no deserto”. Essa é uma tradução de um termo geral grego (ekklesia) que pode significar qualquer grupo de pessoas, uma congregação (mais usada na maioria das traduções), ou “os que são chamados para fora”. Mas o fato da mesma palavra grega ser usada para uma congregação dos israelitas no deserto e uma congregação dos crentes em Cristo não significa que são idênticas. A mesma palavra é usada para uma multidão pagã em Atos 19:32 e 41. Temos que determinar o significado a partir do seu contexto.
Em Colossenses 1:26 é declarado que “o mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos”. Não se trata de uma questão do grau de revelação, mas da sua manifestação depois de oculto. Na Igreja do Senhor Jesus, os gentios e israelitas convertidos são igualmente companheiros, herdeiros e participantes de Sua promessa em Cristo através do Evangelho. Essa promessa leva em conta tudo o que é prometido no Evangelho para os que estão em Cristo Jesus inclusive o Espírito Santo (Atos 15:8 e Gálatas 3:14). Não havia essa igualdade no Velho Testamento, nem haverá no tempo do reino de Cristo na Terra:
- No tempo da lei, Israel ocupava um lugar de distinto privilégio diante de Deus. Os seus profetas previram o chamado dos gentios (Isaías 49:6, 56:6-7), mas nunca sugeriram que os gentios fariam parte de um corpo em que os israelitas não tivessem a prioridade.
- No Reino do Senhor Jesus, Israel será a principal das Nações (Isaías 60:12). Os gentios gozarão também de bênção, mas será através de Israel (Isaías 60:3, 61:6 e Zacarias 8:23).
- Israel foi formado principalmente para ser o povo de Deus na Terra, embora não exclusivamente, (Deuteronômio 28; Amós 9:13-15). O chamado da Igreja é principalmente para gozar as bênçãos espirituais em lugares celestiais (Efésios 1:3), como a noiva celestial de Cristo (Apocalipse 21:2,9). O remanescente de Israel será abençoado no reinado de Cristo, no milênio (Oseias 3:5); a Igreja reinará com Ele sobre todo o universo, compartilhando Sua glória (Efésios 1:22,23). Portanto, deve ser claro que a Igreja não é o mesmo que Israel ou o Reino de Deus. É uma entidade nova, uma comunhão única, e o Corpo mais privilegiado de crentes de que lemos na Bíblia. A Igreja veio a ser depois que Cristo ascendeu e o Espírito Santo foi dado (Atos 2). Foi formada pelo batismo do Espírito Santo (1 Coríntios 12:13), e será concluída no arrebatamento, quando todos os que pertencem a Cristo serão levados ao lar no céu (1 Tessalonicenses 4:13-18, 1 Coríntios 15:23, 15:51-58).
A responsabilidade do homem no tempo da Igreja é arrepender-se dos seus pecados e aceitar o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, assim recebendo gratuitamente a salvação dos seus pecados mediante a simples fé em Sua Pessoa. Esse dom de Deus é a prova dos homens: aceitação ou rejeição. A aceitação lhes dá perdão de todos os seus pecados e lhes abre o caminho da santidade; a rejeição significa a inimizade de Deus e a perdição eterna em grande sofrimento físico e mental.
Ao terminar o tempo da Igreja, ela será retirada do mundo, e se iniciará o tempo do reino de Cristo na Terra.