O reino de Cristo (1)

O Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo dois mil anos atrás para dar a Sua vida em resgate de todos os pecadores que se arrependem e nele creem. Um dia Ele fisicamente voltará para livrar o Seu povo dos seus inimigos e estabelecer o Seu reino sobre a terra com justiça e equidade.

O reino não deve ser confundido com a Igreja. O Senhor Jesus ofereceu-Se à nação de Israel como rei, mas foi rejeitado (Mateus 23:37). Seu reino literal na terra foi, portanto, adiado até que Israel se arrependa e O receba como Messias (Atos 3:19-21).

Por enquanto, o rei está ausente. No entanto, Ele tem um reino invisível na terra (Colossenses 1:13), que abrange todos os que professam fidelidade a Ele (Mateus 25:1-12). De certa forma, em sua situação atual, consiste em todos os que se declaram ser cristãos, ou aparentam sê-lo (Mateus capítulo 13), mas na realidade inclui apenas aqueles que nasceram de novo (João 3:3-5). 

A Igreja é algo totalmente novo. Não era assunto de profecia do Velho Testamento (Efésios 3:5). É composta por todos os crentes desde a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes até o seu arrebatamento pelo Senhor Jesus, ainda futuro (João 14:3; 1 Tessalonicenses 4:17). Como noiva de Cristo, a Igreja reinará com Ele no Milênio e compartilhará Sua glória para sempre.

Cristo voltará à terra como rei no fim da Grande Tribulação, destruirá Seus inimigos e definirá Seu reinado de retidão sobre toda a terra (Salmo 72:8). Embora Seu reinado a partir de Jerusalém dure apenas 1.000 anos (Apocalipse 20:4), ainda o Reino é eterno no sentido de que todos os inimigos de Deus terão sido finalmente destruídos, e Ele reinará eternamente no céu sem oposição ou impedimentos (2 Pedro 1:11).

Temos registradas no Velho Testamento várias informações sobre esse assunto, dadas por Deus e transmitidas através dos Seus profetas, inclusive quatro promessas muito importantes feitas por Ele ao povo de Israel. Não foram reveladas as datas do seu cumprimento, e por serem muito auspiciosas para os judeus, muitos deles esperavam seu acontecimento já por ocasião da primeira vinda de Cristo.

As quatro promessas são, resumidamente:

  1. O convênio “Abrâmico" – promete, entre outras coisas, um território para Abraão e sua descendência, com limites claramente especificados (Gênesis 13:15). Até agora só ocuparam uma parte, mas o convênio será cumprido no Milênio.
  2. O convênio “Territorial” – também conhecido como “Palestino” – prevê o recolhimento dos judeus atualmente dispersos por todo o mundo, para tomarem posse do seu território e restabelecerem seu reino.
  3. O convênio “Davídico” – promete quatro coisas eternas: uma “casa” ou dinastia, um Trono, um reino e um Rei. A dinastia de Davi se tornou eterna porque culminou em uma Pessoa eterna: Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se fez descendente de Davi. Assim o trono e reino são eternos também, mas o restabelecimento do trono de Davi na terra e o início do reinado aqui ainda estão por acontecer.
  4. O convênio “Novo” – concernente à regeneração nacional e salvação de toda nação de Israel, abrangendo cada judeu pessoalmente, vivo nessa ocasião. Isto também aguarda seu cumprimento final e requer um Reino futuro (Salmos 15:1-5 e 24:1-6; Isaías 2:2-4).

Estas promessas formam a base da fé na vinda do reino de Cristo na terra. São incondicionais, feitas a Israel que é um povo singular, formado cerca de quatro Milênios atrás, que foi preservado através de terríveis perseguições como nenhum outro, e através de quem Deus tem Se comunicado com a humanidade de modo sobrenatural. As promessas só podem ser cumpridas por Deus mesmo, nenhuma nação tem poder para isso.

Há inúmeras profecias no Velho Testamento que falam da chegada do Messias (“Ungido” no hebraico) que vai reinar em paz sobre o mundo, com sede em Jerusalém, no trono de Davi. No Novo Testamento somos informados da sua duração nesta terra: exatamente mil anos (ou Milênio), um detalhe fundamental que não é dado no Velho Testamento. Muitas informações dadas nos capítulos 4 a 19 do livro final da Bíblia, o Apocalipse, concernem assuntos já abordados por profetas, através de séculos, no Velho Testamento: as informações do Apocalipse nos permitem colocá-las em ordem cronológica.

As restantes profecias do Velho Testamento ainda não cumpridas reforçam a fé no Reino de Cristo, o Messias, fornecendo um panorama da vida na terra durante esse tempo. Vamos a seguir nos ocupar brevemente com as Escrituras que tratam das características gerais do Reino de Cristo, que compreende tanto judeus quanto gentios, tanto os ainda vivos, quanto os ressuscitados.

  • Salmo 15 – Temos aqui a descrição do grau de justiça que caracterizará um cidadão do Reino.
  • Salmo 24:1 a 6 – Esta é uma passagem descreve o estabelecimento do Reino e a justiça que caracterizará o homem que estará relacionado corretamente com Deus nessa ocasião. Juízes autorizados se assentam sobre tronos.
  • Isaías 2:2 a 4 – Aqui temos a descrição de uma das características principais do Reino de Cristo, que é a paz universal. Enquanto ainda surgirão diferenças entre as nações, essas diferenças não serão resolvidas mediante conflitos militares, mas somente pela Palavra do Senhor, de Jerusalém. Mesmo a arte de guerrear será esquecida.
  • Isaías 11:6 a 9 – A paz universal descrita anteriormente se estenderá mesmo até ao mundo animal. Nos versículos 6 e 7 todos os animais voltarão ao seu estado original no Éden e serão vegetarianos. No versículo 8, os maiores inimigos, o homem e a serpente, viverão pacificamente, pois o conhecimento de Deus se permeará através do mundo inteiro, afetando da mesma forma o homem e o animal.
  • Miqueias 4:1 a 5 – Os versículos 1 a 3 desta passagem são os mesmos encontrados em Isaías 2:2-4, informando que a montanha da Casa do Senhor se tornará o centro da atenção da população de gentios do mundo, sendo o reino caracterizado como tempo de ensino cristão e da ausência de guerra à medida que a paz é permeada pelo reino inteiro. No versículo 4 Miqueias acrescenta que o reino será tempo de paz pessoal e prosperidade, com fidelidade absoluta de Israel a Deus (versículo 5).

No capítulo 20 do livro do Apocalipse aprendemos que Satanás estará preso no Abismo durante todo o Milênio, resultando na redução da morte e do pecado, mas não em sua completa eliminação. Será um período de grande prosperidade material individual e coletiva, e de paz entre os seres humanos, entre estes e dos animais e destes entre si, com a remoção de muitos dos efeitos da maldição divina após o Éden.  Durante esse tempo prevalecerá a verdade, a santidade e a justiça exercidas a partir de Jerusalém. Será um tempo de construção e plantação, com resultados garantidos e contentamento nesses trabalhos.

O Reino de Cristo será uma monarquia absoluta, com uma estrutura definida de comando e delegação de autoridade. O monarca absoluto será Jesus Cristo. Ele delegará autoridade a dois ramos de governo: o judeu e o gentio, cada um tendo suas próprias linhas de comando.

Toda a Bíblia ensina claramente que Jesus Cristo, o Filho de Deus, assumirá a posição de Rei no trono de Davi e governará Israel num reino cujo domínio se estende sobre todos os gentios também (Salmo 2:6 a 8). O Senhor Jesus é a segunda pessoa da Trindade, e descendente da linha real de Davi.

Embora Seu trono esteja em Jerusalém, o Seu domínio não se limitará ao território de Israel, mas se estenderá sobre todo o nosso planeta, assim dominando todos os gentios também (Isaías 9:6-7; Jeremias 23:5-6, 33:14-17; Zacarias 14:9).

Nota: A segunda parte deste artigo será publicada no próximo número desta revista.

autor: R David Jones.