Não sem razão, o “fim dos tempos” é um assunto muito discutido em nossos dias em vários meios de comunicação, levantando a curiosidade de muita gente e comentários que vão desde os mais céticos até os mais sensacionalistas. Vejamos então neste artigo alguma coisa sobre o primeiro aviso que Deus nos deu há mais de vinte e oito séculos.
Foi dado através de Joel (Jeová é o seu Deus), um profeta no reino de Judá, filho de Petuel (Visão de Deus). Joel não pode ser identificado com qualquer pessoa na história de Israel, embora haja outras pessoas com esse nome. Só o seu livro indica algo sobre a sua pessoa e há poucos eventos históricos nele para indicar quando viveu, mas existem boas indicações que foi o primeiro dos profetas a deixar a sua profecia por escrito, talvez com a exceção da profecia contra Edom feita por Obadias. Isso é confirmado pela tradição judaica.
Sendo o início das profecias que Deus nos deixou por escrito, é notável que fornece uma estrutura para o fim dos tempos, chamado "O Dia do Senhor”, um termo que Ele apresenta e define. É o primeiro aviso de Deus para a humanidade, concernente ao fim da era em que nos encontramos. As Escrituras subsequentemente expandem esse tema profético, sendo ele também o principal tema da revelação de Jesus Cristo no Apocalipse, o último livro da Bíblia. Vamos neste artigo focalizar o texto compreendido pelos primeiros dez versículos do segundo capítulo da profecia de Joel, e duas passagens na profecia de Ezequiel.
O capítulo começa anunciando o Dia do Senhor com trombetas. Enquanto o capítulo anterior usa um sério ataque de gafanhotos como símbolo, neste capítulo temos a profecia daquilo que é realmente o assunto do livro. Os gafanhotos estavam no presente quando foi escrita, mas a profecia é para acontecimentos futuros.
Pode-se argumentar que, em curto prazo, referia-se à invasão da terra pelos caldeus, que levaria a maioria da população sobrevivente do reino de Judá ao cativeiro na Babilônia. Mas contempla muito além, quando os "tempos dos gentios", durante os quais Israel é subjugado por nações gentílicas, chegarão ao fim. Os “tempos dos gentios” são simbolizados pela estátua encontrada mais tarde em um sonho de Nabucodonosor (Daniel 2), que foi atingida por uma pedra "não feita por mãos de homens".
Joel pede que uma trombeta seja tocada em Sião (a colina onde o Templo de Salomão foi construído em Jerusalém); os israelitas usavam trombetas em grande variedade de formatos, feitas de diversos materiais: algumas feitas de prata eram utilizadas apenas pelos sacerdotes para anunciar a aproximação das festas e dar sinais de guerra, e outras, feitas de chifres de carneiros, eram tocadas em festivais especiais, e para anunciar a chegada de ocasiões especiais. Também aparecem várias vezes no livro do Apocalipse para anunciar coisas importantes que estavam para acontecer.
Para chamar os israelitas para a guerra contra um inimigo que chegava, dava-se um alarme com trombetas, e com isso seriam lembrados ante o Senhor seu Deus e seriam salvos dos seus inimigos (Números 10:9). Sem dúvida, este é o tocar de trombeta que o profeta pede que seja executado nesta ocasião. Depois que o Senhor tiver arrebatado a Sua igreja do mundo, Ele se voltará outra vez à nação de Israel, que se tornará o objeto de antissemitismo mundial. Este é o início do Dia do Senhor.
O Dia do Senhor começará com escuridão e depressão e depois haverá uma grande tribulação durante sete anos. Mas antes de começar, o povo da terra de Israel vai tremer de medo porque vai sofrer uma invasão pelos seus inimigos. A grandeza e a força desses inimigos do estado de Israel é tal como nunca antes existiu, nem haverá depois. Isso por si só já indica que a ocasião só pode ser no final dos nossos tempos. Mais tarde Ezequiel forneceu mais detalhes, dos quais destacamos os seguintes, bem como a explicação que entendemos ser a mais convincente atualmente:
“Eu vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei dos países nos quais fostes espalhados com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada...” (Ezequiel 20:34). Depois de 19 séculos, espalhados por todo o mundo, sem terra ou o seu próprio governo, os descendentes de Israel estão de volta à terra prometida em nossos dias, formando a sua própria nação. Assim como quando foram libertados do Egito, os israelitas foram tirados de entre os povos com furor derramado (por meio da Segunda Guerra Mundial).
Nos capítulos 38 e 39, Ezequiel anuncia por quem, onde, por quê, o quê, como e quando essa invasão ocorrerá. Em resumo, a explicação mais aceita hoje em geral é:
1. Quem serão os invasores:
- Gogue, o nome do líder de uma confederação de invasores; sua terra é chamada de Magogue, que é composta de Ros, Meseque e Tubal (ver Gênesis 10:2), nos velhos tempos habitada pelos Citas, referidos na história profana como bárbaros que vagavam ao norte do Mar Cáspio e do Mar Negro (Cáucaso significa “forte de Gogue”). Ros é identificada por muitos como sendo a Rússia ou possivelmente como as nações muçulmanas daquela área.
- Pérsia é o Irão moderno.
- A Etiópia mencionada na maioria das nossas traduções para o português é Cuche no original, e não corresponde ao país atual. Seu outro nome, Mesopotâmia, agora chamado Iraque, parece caber melhor.
- Pute é a Somália.
- Gomer é declarado ser a Alemanha no Talmude e no comentário e interpretação bíblica escrito por sábios judeus.
- Togarma, geograficamente sempre foi a terra que conhecemos como a Armênia, sendo assim chamada nos registros da Assíria, possivelmente estendendo até a Turquia.
2. Onde acontecerá a invasão: nas montanhas de Israel (Ezequiel 38:7-9).
3. O motivo (Ezequiel 38:10-13): para roubar e saquear. No versículo 13 um segundo grupo de países são listados como protestando contra a invasão, a partir do nome e descrição, que pode até incluir o Hemisfério Ocidental. Mas Deus declara o motivo real, dado no versículo 16: é para que Ele seja conhecido pelas nações, tendo em conta o que Ele terá feito.
4. O que vai conseguir (Ezequiel 38:14-16): como foi profetizado antigamente, esta é a punição a ser dispensada a esses países por causa da sua perseguição aos judeus (vv. 17,18), de modo que muitas nações saberão que Deus é o Senhor mediante o que vai acontecer.
5. Como vai terminar (Ezequiel 38:17-23): a insurreição, e as forças da natureza, como terremotos (vv. 19-22), peste, derramamento de sangue, inundação, granizo, fogo e enxofre destruirão completamente os exércitos invasores.
6. Quando vai acontecer: entre as muitas opiniões dos estudiosos, parece cada vez mais claro que deve ser antes da tribulação começar porque:
- a descrição do Estado de Israel da atualidade se encaixa nesse período, tendo a terra sido recuperada da espada (Ezequiel 38:8);
- os habitantes vivem de forma segura devido à confiança em sua própria força, depois de sair de 80 a 90 nações diferentes (Ezequiel 38:8-12);
- os lugares desertos estão agora habitados e os israelenses estão instalados e fazendo uso da terra (Ezequiel 38:12);
- esta é a melhor solução do problema dos sete anos e sete meses para limpar os destroços deixados pela destruição dos exércitos (Ezequiel 39:9-12).
Tal como aconteceu com os gafanhotos, que encontraram a terra verde e a deixaram desolada, também esses exércitos irão devastar a terra atacando com fogo e deixando para trás o fogo para destruir tudo o que sobrou.
Os gafanhotos são comparados com cavalos por causa da sua rapidez. A guerra moderna não mais usa cavalos, mas os veículos utilizados são ainda mais rápidos do que cavalos. A descrição do grande ruído dos gafanhotos, e sua comparação com o barulho dos instrumentos de guerra do seu tempo, que era o único exemplo conhecido do profeta, se compara muito bem com os helicópteros, caças-bombardeiros, tiroteio e bombardeio das guerras de hoje. Também voam em formação, como os soldados de antigamente. Seus ataques levam as pessoas a se contorcer de dor, a palidez de seu rosto indica a perda de sangue, típico dos ferimentos e estilhaços nas batalhas. O combate de casa em casa, executado pelas forças especiais de hoje é descrito em Ezequiel 39:9 e a agitação e a fumaça de explosões violentas em Ezequiel 39:10.
Essa interpretação parece caber bem, e, se verdadeira, o palco já está praticamente pronto para o desenrolar destes acontecimentos. Eles dão início ao desencadeamento da ira de Deus sobre o mundo incrédulo, ímpio e inimigo de Deus. Queremos enfatizar que a igreja de Cristo já não estará presente, pois “sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por Ele salvos da ira” (Romanos 5:9); seremos arrebatados nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor (1 Tessalonicenses 4:17). Demos glória a Deus por isto!