Todo aquele que realmente deseja ser cristão precisa saber claramente quem Cristo é, a fim de que possa ser salvo, e o que Ele está agora fazendo no mundo, para também participar da Sua obra.
Antes de subir a Jerusalém para tomar parte na Sua última páscoa o Senhor Jesus fez duas perguntas aos seus discípulos:
"Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"
(Mateus 16:13, Marcos 8:27, Lucas 9:18)
Sem dúvida Ele sabia a resposta, mas queria assim introduzir a segunda pergunta. O povo havia testemunhado os sinais que Ele havia feito em seu meio, e tinham ouvido o Seu ensino. Evidentemente Ele não era uma pessoa qualquer, ao contrário, tudo indicava que era um homem com poderes supernaturais, um admirável ensinador, dotado de um caráter perfeito, sem mácula. Os discípulos responderam que o povo dizia que Ele era João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos velhos profetas que ressuscitou. Todos já haviam morrido, mas o povo julgava que só um profeta ressuscitado poderia ser como Ele era, pois Jesus era o objeto das notícias mais surpreendentes. Embora houvesse divergência nas opiniões, todos concordavam que era um vulto notável, que deveria figurar entre os heróis do povo de Deus.
Faltava àquele povo descobrir que Jesus era muito mais do que um simples ser humano, até mesmo um profeta ressuscitado. Parece que a compreensão que tinham do Messias que havia de vir de acordo com as profecias do Velho Testamento ainda não era suficiente para identificá-Lo, apesar das provas que estava dando.
A história se repete agora em nosso tempo. Fala-se muito de Jesus e se discute por toda a parte a Sua identidade – produzem-se filmes românticos e até filmes documentários com supostas evidências para apoiar ou contradizer o relato bíblico. A “paixão de Cristo” é um espetáculo produzido a cada dez anos pela aldeia alemã de Oberammergau há séculos, e os hotéis de lá e da vizinhança se beneficiam com o grande volume de “peregrinos” e curiosos que querem ver, inclusive ônibus lotados de “cristãos evangélicos”. No Brasil esse espetáculo ocorre todos os anos em várias localidades, sendo o mais famoso a de Nova Jerusalém (PE).
Em geral se acredita que o Senhor Jesus foi um homem piedoso, poeta, homem de ação, místico, um modelo de homem santo e grande moralista, que se destaca de todos os “santos”. Mas Ele próprio declarou ser Alguém sem precedente, inigualado, sem rival, sem igual (por exemplo, Mateus 10:37; 11:27; 24:35; João 10:30 e 14:6).
"E vós, quem dizeis que eu sou?"
(Mateus 16:15, Marcos 8:29, Lucas 9:20)
Essa pergunta ainda permanece para cada pessoa responder. Não se pode duvidar da Sua existência, pois é provada por inegáveis evidências históricas e pelo testemunho que temos na Bíblia de pessoas idôneas e de caráter íntegro que conviveram com Ele. Esse testemunho também relata com toda a confiabilidade os sinais extraordinários que Ele realizou. Alguns dos piores inimigos do cristianismo reconhecem a Sua sabedoria e o Seu caráter notável. Muitas respostas confusas são dadas, como também foram as daquele povo, porque só existe uma resposta correta, que foi dada logo a seguir.
O Senhor queria a declaração pessoal de cada um dos Seus discípulos, e cada um de nós também tem que reconhecer pessoalmente a identidade do nosso Salvador, a fim de colocar n’Ele a nossa fé e a declararmos publicamente.
Pedro não titubeou e declarou prontamente "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mateus 16:16), ou seja, o Messias prometido a Israel, é Deus, o Filho. Pedro havia acompanhado o Senhor Jesus de perto, junto com Tiago e João, e conhecia intimamente tudo o que o Senhor dizia e fazia. Ele não era uma pessoa crédula, facilmente enganada, mas era um homem seguro de si, "dono do seu nariz", impulsivo, pronto a falar diretamente o que pensava. Era uma testemunha confiável, pois havia visto, ouvido e comprovado tudo. Ouvindo a declaração de Pedro, o Senhor Jesus respondeu que Pedro era bem-aventurado, ou feliz, porque essa revelação lhe viera através de Deus, o Pai, não por sabedoria natural ou exercício intelectual.
É necessário que cheguemos à mesma conclusão que Pedro, a fim de podermos nos valer da salvação que vem unicamente mediante a graça de Deus pela fé em Seu Filho, Jesus Cristo.
O que o Senhor Jesus está fazendo agora?
Ele (Deus, o Filho) também tinha algo a revelar a Pedro (Mateus 16:17-19):
1. Simão Barjonas era uma "pedra" (petros), como as que se usam nas construções. Mais tarde, Pedro escreveu: "vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo". A matéria prima da construção dessa casa espiritual consiste de pessoas, todas as que foram salvas pela graça mediante a fé na obra redentora de Cristo, e elas são as "pedras vivas".
2. Sobre a "rocha" (petra), que era o próprio Senhor Jesus, Ele iria edificar a Sua igreja. Esta é a primeira vez que é usada a palavra "igreja" para o conjunto de todos os crentes em Cristo. A igreja é comparada a um edifício em Efésios 2:19-22, onde Jesus Cristo é a pedra fundamental e os apóstolos (inclusive Pedro) e os profetas são o alicerce. Está em consonância com muitas Escrituras que O chamam de "pedra", ou "pedra angular" (Salmo 118.22, Mateus 21:42, Efésios 2:20 etc.), e assim também foi entendido por Pedro (Atos 4:11, 1 Pedro 2:6,7).
3. As "portas do inferno" não poderão vencer a igreja. A palavra "inferno" é uma tradução da palavra grega "hades", correspondente ao hebraico "sheol" (o mundo invisível para onde vão os mortos). Temos aqui a figura de dois edifícios, a igreja de Cristo sobre a Rocha, e a casa da Morte com as suas portas. Estas portas são mencionadas no Velho Testamento (Jó 38:17; Salmo 9:13; 107:18; Isaias 38:10) e a ideia é que só dão entrada, não permitindo a saída de ninguém. Mas elas não impediram Cristo de sair, tendo Ele voltado ao mundo dos vivos triunfante mediante a Sua ressurreição. Igualmente não prevalecerão contra a Sua igreja. Tendo triunfado sobre a morte, Cristo é a garantia da perpetuidade dela. Quando Cristo vier buscar a Sua igreja, os mortos ressuscitarão e, unidos com os vivos transformados, viverão eternamente com Ele. Então "Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte (Hades, Sheol), a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?… Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 15:54,55,57).
4. A Pedro seriam dadas as "chaves do Reino dos céus". Isto não quer dizer que Pedro tinha autoridade para admitir pessoas no céu, como se vê nas anedotas. As "chaves" eram o símbolo de autoridade na função dos escribas, que interpretavam as Escrituras para o povo (Neemias 8:2-8). A explicação se encontra em Mateus 28:18-20, onde aprendemos que ao Senhor Jesus Cristo foi dada toda a autoridade no céu e na terra, e Ele ordenou aos Seus discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:18 a 20). E essa ordem não foi dada somente a Pedro, mas a todos os Seus discípulos. Todo crente tem a mensagem salvadora do Evangelho em suas mãos e deve estar apto a transmiti-la. Nenhum homem ou instituição tem propriedade ou direito exclusivo sobre as Escrituras.
5. Tudo o que Pedro "ligasse na terra teria sido ligado nos céus, e tudo o que desligasse na terra teria sido desligado nos céus". Ligar aqui tem o sentido de amarrar, segurar. Como no caso anterior, trata-se da abertura do Evangelho para todos os povos. Pedro foi pioneiro ao anunciar o Evangelho aos judeus, e depois ao levar o Evangelho ao centurião Cornélio, um gentio. Ele estava soltando (desligando) o Evangelho. Mas o privilégio não foi restrito a Pedro - pertence a todos os que fazem a mesma confissão que Pedro fez naquela ocasião. Foi dos demais apóstolos, inclusive Paulo que surgiu depois, e é de todos os que pertencem a Cristo. Ao segurarmos o Evangelho, sem transmiti-lo, estamos amarrando os pecadores ao seu pecado. Mas se o anunciarmos, soltamos a salvação aos perdidos. E que responsabilidade a nossa, pois esse é o único meio de salvar os pecadores.
Naquela oportunidade, Simão Barjonas representou todos aqueles a quem o Espírito Santo de Deus leva a reconhecer que o Senhor Jesus é o Enviado de Deus (Messias, Cristo), o próprio Filho do Deus vivo, e O aceitam como seu Salvador e Senhor. Eles são feitos "pedras" no edifício espiritual que é chamada de "igreja de Cristo", fundada no Senhor Jesus, têm a vida eterna, e podem proclamar o Evangelho da salvação pela graça de Deus mediante a fé no Senhor Jesus, para a libertação dos que se encontram cativos pelo pecado.