O bom samaritano

Lucas 10:30-37

        

Muitos vão dizer que estão indo muito bem nesta prática e têm ajudado aqueles que estão necessitados. Mas será que estamos mesmo tão bem assim?

Quando Jesus andou aqui na terra, como homem, Ele Se deparou com várias situações onde teve que mostrar amor. Uma delas foi quando a pecadora veio à casa de Simão e chorando lavou os Seus pés com as próprias lágrimas. Depois os enxugou com o seu cabelo e finalizou com unção de bálsamo. Muitos que estavam ali não olharam aquele ato com bons olhos porque ela era uma pecadora (Lucas 7:36-48).

Numa outra situação, Jesus foi confrontado pelos líderes judaicos com a responsabilidade de julgar uma mulher pega em adultério conforme a Lei de Moisés: “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando” (João 8:3-4). Na verdade o que temos aqui não é uma questão de adultério e sim o de ter algo para condenar o Senhor Jesus. Porém, gostaria de destacar a resposta do Senhor para os acusadores: “E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7). Por que ninguém atirou? O próprio Senhor nos dá a resposta no Sermão do Monte: “Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:1-2). Somos tendenciosos ao julgar as outras pessoas, mas não gostamos quando somos confrontados com algo contra a nossa própria pessoa, não é verdade?

Tiago, em sua carta, nos leva a ter cuidado com os nossos julgamentos, pois todos nós somos iguais perante Deus: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tiago 2:1). Ao continuar lendo o texto descobrimos que Tiago revela que devemos amar o próximo: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis” (Tiago 2:8). Já no capítulo 3 ele nos mostra como podemos fazer isso, o problema é que temos falhado muito neste ponto. Fica claro que mesmo falhando em um ponto somos culpados de todos: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tiago 3:2).

A língua é o nosso maior vilão.  Veja só o que está escrito em Provérbios: “O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios tem perturbação” (Provérbios 13:3). A língua é uma arma que tanto destrói para quem apontamos como para quem a usa, temos que ter muito cuidado com ela.

Antes de continuarmos, é extremante importante entender algo sobre a questão da língua. Além de ser um órgão do corpo, ela também é responsável pela fala. O Senhor deixou claro: “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mateus 12:34). Será que tanto o Senhor como Tiago falam literalmente? Creio que eles falavam do meio de comunicação em geral. Isso fica claro nos dias atuais, principalmente com o uso cada vez mais frequente do aplicativo WhatsApp para se comunicar. A quantidade de irmãos que tem soltado o verbo contra o outro, nesse e em outros aplicativos, não é brincadeira.

A maioria das discussões e polêmicas que surgem nas redes sociais seria quebrada se levássemos mais a sério a questão da língua e, principalmente, se agíssemos como o Senhor no caso da mulher adúltera. Ele não a julgou pelo que ela tinha feito, mas a perdoou. Pedro quando perguntou ao Senhor quantas vezes deveria perdoar, Jesus respondeu: “Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:22). O apóstolo João, por sua vez, diz em sua carta: “Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 João 4:20). Amar é perdoar! Isso nos leva à famosa oração do Pai Nosso que gostamos tanto de citar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6:12). Como podemos dizer que amamos o próximo se não estamos prontos para perdoar?

Outra forma de agirmos é como Cristo quando teve Seus pés lavados pela pecadora. Ele não olhou para sua vida cheia de pecado, mas olhou para o grande ato de amor que ela teve ao lavar os Seus pés. Lembra-se do versículo em Provérbios? Aquele que não cuida da sua própria língua, ela o destruirá. Foi exatamente o que aconteceu com Simão. Ele quis condenar a mulher pelos seus pecados, não olhando os seus. Jesus então lhe mostrou o que ela tinha feito para ser perdoada diante do que ele tinha feito.

O apóstolo Paulo, anos depois, acrescenta às palavras do Senhor dizendo aos coríntios: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice” (1 Coríntios 11:28), deixando claro que antes de irmos até o Senhor devemos nos examinar. Foi isso que o Senhor disse: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta” (Mateus 5:23-24). Paulo continua mostrando a causa da nossa falta de olhar para nós mesmos: “Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem” (1 Coríntios 11:30). Veja como é importante olharmos para dentro de nós antes de julgarmos alguém. Quando fizermos isso agiremos como o Senhor que não julgou quem aquela mulher era e sim o que ela estava fazendo. “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Coríntios 11:31-32).

Irmãos, o primeiro princípio de amar o próximo é ter cuidado com as palavras: Tiago conclui: “Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas por impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro e se gloria de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia” (Tiago 3:3-5). Quando fazemos isso estamos então procurando realmente amar o próximo. Pense nisso!

autor: Jonathan M. Watson.