“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”
Efésios 5:1
Todos que se arrependem dos seus pecados e recebem para si a obra remidora do Senhor Jesus Cristo, “morrem” para si mesmos e “nascem” de novo pelo Espirito Santo de Deus. Deus assim revela o Seu amor, tão grande ao ponto de perdoar todos os seus pecados e de lhes dar uma nova vida que é eterna (e portanto nunca lhes será tirada).
Se estivermos entre eles, Deus declara que somos Seus “filhos” (Romanos 8:14-17 etc.) e, como tal, devemos ser Seus imitadores perdoando-nos uns aos outros assim como Ele nos perdoou. Na vida natural, temos semelhança com nossos pais e assim somos reconhecidos como sendo seus filhos. Na vida espiritual também devemos imitar nosso Pai celestial e demonstrar que somos “filhos amados” dignos de Sua paternidade, perdoando-nos uns aos outros como Ele nos perdoou, e andando em amor.
Andar em amor significa nos sujeitar e sermos prestativos uns aos outros. Nosso perfeito exemplo, Jesus Cristo o Filho de Deus, surpreendentemente nos amou enquanto éramos pecadores, ao ponto de dar a Sua vida justa e imaculada em nosso lugar no Calvário. Essa foi a prova do Seu amor. Sua dádiva foi “como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. Uma “oferta” é algo que é dado a Deus, e o “sacrifício” nesta oportunidade incluiu o elemento adicional da morte.
O Senhor Jesus foi a verdadeira “oferta queimada”, tendo dedicado a Sua vida inteiramente a fazer a vontade de Deus, até à morte de cruz. Seu sacrifício extremo de devoção é descrito como tendo um “aroma suave”. O comentarista B. Meyer exclama: “em um amor tão desmedido, sem consideração de custo, para os que dele não tinham merecimento algum, houve um espetáculo que encheu o céu de fragrãncia e o coração de Deus com gozo”.
Semelhantemente podemos trazer alegria a Deus na posição altamente honrada de filhos Seus, dedicando-nos com amor uns aos outros e também nutrindo um caráter justo e íntegro, novamente segundo o exemplo de Jesus Cristo.
Primeiro é necessário nos purificarmos e nos afastarmos de todas as impurezas com que está contaminado o mundo em que vivemos. Os versículos 3 a 13, de Efésios 5, nos dão uma relação de coisas que “trazem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” e das quais os filhos de Deus não podem participar. São pecados de ordem sexual e a instrução severa dada épara que nos afastemos completamente deles, “nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos”.
Tratam-se dos seguintes:
- Imoralidade sexual – Tradução da palavra grega “porneia” (NVI), de onde vem a palavra “pornografia”, que abrange prostituição, adultério, incesto, e no Velho Testamento é uma figura da idolatria.
- Impureza – Também envolve atos imorais, mas num sentido mais amplo, como quadros ou livros obscenos e outras coisas sugestivas que acompanham vidas indecentes e estimulam a imoralidade.
- Cobiça – Semelhante ao décimo mandamento da lei de Moisés, vem da palavra grega “pleonéxia” que abrange avareza, fraude e extorsão, e se estende também aos desejos sensuais e aos de ordem sexual fora do casamento.
Com a decadência assustadora da moralidade no mundo em que vivemos, estes pecados deixaram a categoria de ilegalidade em que se encontravam poucas décadas atrás e são agora considerados como sendo de pouca importância, ou mesmo parte do comportamento normal da atual civilização e são promovidos sem censura pelos meios de comunicação atuais, desde os jornais e revistas até o cinema, televisão e internet. Cuidemos para não sermos tentados a cair neles, pois diante de Deus e sendo Seus filhos, eles não devem sequer ser mencionados entre nós. Lembremos o que o Senhor Jesus disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:28).
É evidente que este tipo de pecado nunca deveria ter que ser mencionado como algo cometido por crentes, filhos de Deus, pois são características dos filhos da desobediência (veja Gênesis 6:2). Nem mesmo deviam ser discutidos de maneira a diminuir o seu caráter pecaminoso e vergonhoso. Há sempre o perigo ainda maior de tratar estas coisas levianamente procurando desculpar os detratores ou mesmo de discuti-los corriqueira e continuamente, portanto não são apropriadas para os santos.
Também não se deve ouvir dos crentes “obscenidade, conversas tolas, gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças” (Efésios 5:4 NVI), pois foram separados da corrupção que está no mundo, tanto em obras como em palavras.
O falar do crente portanto deve estar livre de todos os traços de:
- Obscenidade: Todas as formas de depravação e indecência, inclusive em gestos, palavreado ou exclamações, e uma linguagem de sarjeta.
- Conversas tolas: Gabar-se de praticar ou de ter praticado essas coisas, pois é uma idiotice tola e sem qualquer mérito.
- Gracejos imorais: Piadas ou conversas que fazem com que a imoralidade pareça ser algo corriqueiro, leviano e de bom humor.
O impacto negativo da imoralidade sobre a mente de quem ouve é reduzido quando assim transmitida. Não convém ao filho de Deus sequer pensar sobre estas coisas, pois ele pode ser tentado a se aproximar delas e eventualmente cair na sua prática. É sempre perigoso gracejar sobre o pecado. Em vez de usar sua língua para falar de uma forma indigna e indecorosa assim, o cristão deve deliberadamente cultivar a prática de dar graças a Deus por todas as bênçãos e misericórdias em sua vida. Isto é agradável ao Senhor, também um bom exemplo para os outros e é benéfico para a própria alma.
O texto não dá qualquer espaço para dúvidas quanto à atitude de Deus para com os praticantes da imoralidade: eles não têm nenhuma herança no Reino de Cristo e de Deus. Esta exclusão está em nítido contraste com a atitude atual do mundo, que pensa que os delinquentes sexuais estão somente enfermos e precisam de tratamento psiquiátrico. O que o mundo chama de doença Deus chama de pecado. O que os homens acham que podem curar com a psicanálise Deus declara que somente pode ser remediado mediante a completa regeneração. O que o mundo tolera Deus condena.
Três tipos de malfeitores são identificados como não tendo herança no reino de Cristo e de Deus, logo não podem ser Seus filhos: o imoral, o impuro e o cobiçoso, que é idolatra. O cobiçoso é um idólatra porque imagina que Deus pode aprovar a cobiça sensual, coloca a sua própria vontade acima da vontade de Deus e virtualmente adora a criatura ao invés do Criador (Romanos 1:25 ).
As pessoas cujas vidas são caracterizadas por estes pecados estão perdidas e a caminho da perdição eterna. Não é um caso de simples perda de galardão no tribunal de Cristo, mas nunca foram salvas, mesmo que digam que se converteram. Poderão ainda ser salvas mediante arrependimento e fé no Senhor Jesus. Mas os filhos de Deus não praticam estes pecados.
É alarmante observar como o mundo está se fazendo cada vez mais tolerante destas coisas e como muitas igrejas estão se deixando contaminar com a imoralidade sexual, inclusive suas aberrações tão condenadas nas Escrituras. Não é de admirar que a ira de Deus esteja vindo sobre os filhos da desobediência. Podemos ver um exemplo da ira de Deus sobre a fornicação e o adultério quando vinte e quatro mil israelitas foram mortos porque pecaram com as mulheres moabitas (Números 25:1-9) e a destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:24, 28).
O castigo de Deus também é evidenciado de outras maneiras: as doenças venérias estão se multiplicando, e o vírus conhecido geralmente como AIDS surgiu poucas décadas atrás como resultado de homossexualismo e promiscuidade, e se espalhou por todo o mundo, trazendo uma grande onda de sofrimento e mortes. Existem cada vez mais transtornos mentais, nervosos e emocionais, decorrentes de um sentimento de culpa. Há mudanças na personalidade e a deterioração dos hábitos e costumes cresce a largos passos (Romanos 1:26-32).
Mas os filhos de Deus devem andar como “filhos da Luz” em contraste com os que produzem estas "obras infrutíferas das trevas". Afastando-se destas coisas perniciosas, tendo o Senhor e a Sua Palavra para guiá-los em todas as coisas, devem buscar sempre a vontade do seu Pai para então manifestar em si as características divinas: bondade, justiça e verdade. Para agradar a Deus devem evitar (mesmo até reprovar) os que praticam as obras ocultas e vergonhosas das trevas. Serão então sábios, andando prudentemente.