Durante a Sua estada aqui, o Senhor Jesus declarou que voltaria ao mundo para estabelecer o Seu reino, assim cumprindo profecias a esse respeito feitas através dos profetas do Velho Testamento. Quem O recebe como seu Senhor e Salvador, passa a ser Seu discípulo e como tal deve aprender a obedecer a Sua palavra, com o poder do Espírito Santo de que agora dispõe.
No capítulo 6 do Evangelho de Mateus, aprendemos que o Senhor Jesus reuniu os Seus discípulos (não apenas os apóstolos), e depois de informar sobre os que serão bem-aventurados no reino dos céus, tratou do comportamento dos Seus discípulos.
1. O sal da terra
Os discípulos são o sal da terra. O seu caráter foi descrito nos versículos anteriores, sendo eles os que colocam a sua fé no Senhor Jesus. Por "sal da terra" entende-se que o seu comportamento é benéfico. O sal é conhecido pelas suas propriedades de sanear e conservar aquilo em que é aplicado. Igualmente os que procuram viver de maneira justa, honesta, íntegra, em obediência aos princípios do reino de Cristo, têm uma influência positiva sobre o meio em que vivem.
Mas, a eficácia do sal depende da sua qualidade. Apenas ser chamado de "sal" não é garantia que vai salgar… Assim, também, chamar-se "cristão" não traz nenhuma influência para o bem no mundo se não for acompanhado das boas obras vistas no comportamento de um discípulo de Cristo.
2. A luz do mundo
A escuridão, ou trevas, na realidade nada mais é que a ausência de luz. Não se pode impor a escuridão sobre a luz, mas a luz, por menor que seja, é sempre vista na escuridão. Para que uma luz não seja vista, é preciso que seja coberta.
O Senhor Jesus declarou ser Ele próprio a luz do mundo enquanto estava no mundo (João 9:5), e aqui Ele declara que os discípulos são a luz do mundo, sem dúvida ao refletir a Sua luz depois da Sua ascensão. O crente brilha pelo Senhor Jesus, tendo em si a luz do Evangelho, da qual dá testemunho aos que o rodeiam.
3. A cidade no alto do monte
Como não é possível esconder uma cidade construída sobre um monte, também o crente não pode deixar de se revelar pela sua conduta: sua vida santificada contrasta com o comportamento dos incrédulos.
4. A candeia
Para iluminar um ambiente à noite, ninguém esconde a fonte de luz de que dispõe, uma candeia ou lâmpada, por exemplo, mas coloca-a acesa onde sua luz tenha mais alcance. Assim, também, o crente não deve esconder a luz do Evangelho para si, mas irradiá-la mediante o seu comportamento e testemunho aos que se encontram ao seu redor. Seu propósito não deve ser de granjear agradecimentos e louvor para si, mas provocá-los a glorificar o seu Pai que está nos céus vendo o bem que Ele faz à luz do Evangelho de Cristo.
5. A Lei e os profetas
O Senhor Jesus declarou que não veio abolir a lei dada através de Moisés ou os profetas. Ao contrário, Ele veio para cumprir a lei e as profecias sobre Si que se encontram no Velho Testamento.
O Senhor Jesus afirmou que cumpria todos os detalhes da lei, por menores que fossem. Não se achou qualquer pecado em Sua pessoa. Além disso, uma boa parte da lei de Moisés envolve sacrifícios, rituais e formalidades: eram figuras do Messias que havia de vir e todos foram cumpridos em Jesus Cristo.
Também foram cumpridas as profecias sobre o Seu nascimento e a Sua atuação como o Cordeiro de Deus, sacrificado pelos pecados do mundo. As demais profecias sobre o Messias triunfante, que liberta o remanescente de Israel dos seus inimigos e institui o Seu reino na terra, também serão cumpridas fielmente quando o Dia do Senhor chegar. Os novos céus e a nova terra virão mil anos depois.
Tendo Jesus Cristo cumprido toda a lei, ela deixa de ter relevância quanto ao seu aspecto cerimonial, que inclui o sacerdócio, os sacrifícios e os dias santificados. Ele é o sacerdote e o sacrifício figurados no Velho Testamento.
Os que recebem a Cristo como seu Senhor e Salvador "morrem" para a lei mediante o corpo de Cristo, que foi sacrificado em seu lugar (Romanos 7:4), e a lei não foi feita para eles (1 Timóteo 1:9). Mas a lei de Moisés continua valendo para os incrédulos, pois é mediante a lei que os seus pecados são evidenciados, assim convencendo-os da necessidade de arrependimento e da remissão que somente pode ser conseguida mediante a fé no Salvador, Jesus Cristo.
6. A lei do reino do Messias
Os crentes em Cristo pertencem ao reino de Deus, tendo sido libertos da observância da lei de Moisés para em seu lugar servir a Cristo e dar fruto para Deus. O reino de Deus tem sua lei, a lei do Messias (1 Coríntios 9:21), de certa forma mais exigente do que a lei de Moisés, e que se resume em cada um amar todos os outros como a si mesmo e não fazer mal ao próximo (Romanos 13:8-10).
O Senhor Jesus esclarece que quem "violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus" (Mateus 5:19). Notemos que não existe a pena de morte, pois o crente não perde a sua salvação, que é eterna, mas o seu grau de obediência influirá sobre a sua posição no reino.
Encontramos vários aspectos da lei do reino do Messias a seguir, com mais detalhes explicitados em outras partes do Novo Testamento. Essas informações nos são dadas, como toda a Escritura, para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça (2 Timóteo 3:16).
Para entrar no reino de Deus é preciso um grau de justiça maior do que o dos escribas e fariseus: é a justificação pela fé em Cristo.
O Senhor Jesus nos mostra alguns aspectos em que a Sua lei é ainda mais abrangente do que a que foi dada através de Moisés:
- Não matarás: de igual gravidade é encolerizar-se contra um irmão sem justa causa (semente do homicídio), pior ainda é insultá-lo (espírito do homicídio) e pior de tudo é amaldiçoá-lo (desejo de homicídio). Quem ofende a outrem deve primeiro reconciliar-se com ele antes de trazer sua oferta a Deus.
- Não adulterarás: a lei condena o ato físico, mas o adultério já se realiza ao atentar numa mulher para a cobiçar. O pecado começa na mente, e para que os pensamentos se mantenham puros é necessária uma severa disciplina, comparando-se a arrancar um olho, ou cortar uma mão.
- O divórcio: o marido que repudia sua mulher, abre-lhe o caminho para o adultério. Está implícita a responsabilidade do primeiro marido, que provocou os pecados subsequentes.
- Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor: é errado jurar pelo céu, pela terra, por Jerusalém ou pela própria cabeça porque nenhum homem tem qualquer autoridade sobre eles. Ninguém pode dar mais do que a sua palavra.
- Não te vingarás, olho por olho, dente por dente: mas o crente deve pagar o mal com o bem.
- Amarás o teu próximo e também o teu inimigo: assim como o amor de Deus abrange a todos, também o crente deve amar e fazer o bem a todos, mesmo ao seu inimigo.
- A lei dava uma medida de justiça apenas: mas o crente deve ir além e ser perfeito assim como é perfeito o nosso Pai nos céus. Esta perfeição é a maturidade espiritual que permite ao crente imitar a Deus, abençoando a todos sem parcialidade.