Atualmente os países árabes, tendo saído da relativa obscuridade em que se encontravam até pouco mais de um século atrás, tomaram uma posição mais relevante na política internacional, impulsionados pela riqueza e influência que adquiriram com a exploração dos imensos lençóis de petróleo sob o seu território, e pela migração e acelerada multiplicação da população islâmica, religião que inventaram e adotaram na Idade Média.
Considerando a forte oposição que muitos dos países árabes fazem, não só aos judeus e ao Estado de Israel, mas também ao Evangelho de Cristo, é oportuno fazer um relato sobre o que as Escrituras nos dizem sobre eles.
• Suas origens
Os árabes descendem de Abraão, através de dois personagens: Ismael, filho de Abraão e meio-irmão de Isaque, e Esaú, irmão gêmeo mais velho que Jacó, filhos de Isaque (Gênesis 12:10-20, 16:1-14, 25:19-34 e 41).
Ismael (“Deus ouve”) foi produto de dois pecados de Abraão, quando fraquejou na sua fé: o primeiro aconteceu quando Abraão se afastou da terra prometida para ir até o Egito, onde se sentiu obrigado a negar que Sarai era a sua esposa. Em consequência, foi expulso quando Faraó descobriu, mas voltou para Canaã levando grandes riquezas, inclusive servos e servas. Uma destas, chamada Hagar, servia Sarai, e num outro lapso de fé, pois Deus havia prometido dez anos antes que teria um filho com Sarai (Gênesis 12), Abraão atendeu ao pedido de Sarai, que era estéril, para obter um filho de Hagar como se fosse dela. Disto nasceu Ismael.
O Anjo do Senhor havia declarado a Hagar quando estava grávida de Ismael, que sua descendência seria muito grande: “não será contada, por numerosa que será” e que “ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos” (Gênesis 16:11-12). Portanto, Ismael e a sua numerosa descendência (começou com doze filhos com sua mulher egípcia) seriam caracterizados por:
- Viverem em bandos nômades no deserto, como o jumento selvagem;
- Serem sempre agressivos contra os outros;
- Em consequência, serem agredidos também;
- Quando firmados em um território (habitará), permanecerem em estado de hostilidade contra todos os seus irmãos (Israel atualmente).
Esaú (“cabeludo”) cedo se distinguiu de Jacó, tornando-se um perito caçador e agradando o seu pai ao prover carne de caça para a sua mesa; Jacó, mais sossegado, habitava em tendas. Como fora o primeiro a nascer, Esaú tinha direito à maior parte da herança de Isaque e, mais importante ainda, às promessas que Deus fizera ao seu avô Abraão. Mas um dia, ao voltar para casa com muita fome, trocou o seu direito à primogenitura simplesmente por uma refeição preparada por Jacó.
Jacó enganou o pai para exercer o direito de primogenitura que havia adquirido, e Esaú o odiou por causa disto. O ódio de Esaú se juntou ao ódio de Ismael. Os países árabes se originaram com os ismaelitas (descendentes de Ismael) e com os edomitas (descendentes de Esaú, tendo ele sido apelidado de Edom). Em Números 20:14 a 21 lemos com que ódio, quatro séculos mais tarde, os edomitas se recusaram a deixar os israelitas libertados por Moisés passarem pelo seu território para ir à terra prometida.
• Seu passado
Mesmo depois que os israelitas haviam se instalado na terra prometida, os ismaelitas, edomitas e outros descendentes desses dois homens desencadearam sobre eles ataques e estragos conforme lemos no livro dos Juízes. O seu ódio perpétuo é relatado pelos profetas, por exemplo Ezequiel 35:5 e Obadias 1:10-14. O Salmo 83 considera o ódio reinante no tempo de Davi e, profeticamente, a situação atual no Oriente Médio: os edomitas e os ismaelitas se aliaram naquele tempo com os moabitas e os amonitas (descendentes dos filhos de Ló), os hagarenos (uma tribo árabe composta de descendentes de Hagar), os amalequitas (outros descendentes de Esaú), e os povos da redondeza para destruir a nação de Israel e apagar o seu nome.
Não é por simples coincidência que os países árabes da atualidade têm usado a mesma expressão com respeito ao Estado de Israel de nossos dias. Logo antes da recente “guerra dos seis dias”, o então presidente Násser do Egito declarou na rádio que iria varrer os judeus para dentro do mar e apagar Israel do mapa para que não fosse lembrada a existência da atual nação de Israel (no entanto ele morreu e Israel continua lá!).
As nações mencionadas no Salmo 83 também existem hoje. Edom, Moabe e Amom compõem respectivamente o sul, o centro e o norte da Jordânia, os hagarenos vinham do Egito, Gebal e Tiro são agora o Líbano, Amaleque é o Sinai, a Filístia é a faixa de Gaza, enquanto o que era a Assíria abrange o Iraque e uma boa parte da Síria; os ismaelitas são um segmento do mundo árabe. A única ocasião na história em que todas essas nações se combinaram entre si contra Israel foi depois de 1948. Nunca aconteceu na antiguidade, mas se cumpriu claramente desde a “guerra dos seis dias” de 1967, quando os líderes árabes declararam um após outro que a única maneira de se conseguir a paz no Oriente Médio é mediante o aniquilamento total de Israel como nação.
• Seu futuro
No entanto, haverá finalmente um dia paz duradoura entre Israel e essas nações inimigas. Segundo as profecias, acontecerá de três maneiras: por ocupação, por destruição, ou por conversão. Vejamos uma por uma:
Líbano - Será ocupado por Israel, conforme Ezequiel 47:13 a 48:29. As fronteiras do reino messiânico de Israel se estenderão até o norte do Líbano atual. O território do Líbano está dentro da Terra da Promessa de Abraão, mas nunca chegou a ser ocupado pelos israelitas. A nação do Líbano deixará de existir, e haverá paz entre os ocupantes dessa terra e os israelitas.
Jordânia – O sul deste país, compreendendo as terras dos edomitas, será totalmente devastado com grande morticínio conforme Ezequiel 25:12-14 e 35:6-9, “para saberem que o Senhor Deus é o Senhor” (atualmente dizem que é Alá). Obadias centraliza toda a sua pequena profecia na destruição de Edom. Em Jeremias 49:7-13 temos mais detalhes, inclusive menciona a cidade de Bozra. Esta era muito importante até os primeiros séculos da nossa era, quando foi totalmente despopulada – redescoberta pouco mais de uma centena de anos atrás é agora uma atração turística desabitada chamada Petra.
A zona central da Jordânia, chamada terra de Moabe na Bíblia, também sofrerá destruição em parte conforme Jeremias 48:1-46, mas haverá sobreviventes que se arrependerão e um remanescente voltará, conforme Jeremias 48:47. No reino milenar de Cristo este povo formará a nação convertida chamada Moabe.
O norte da Jordânia também não sofrerá uma destruição total, os sobreviventes se voltarão ao Senhor conforme Jeremias 49:1-2 Assim haverá paz entre os israelitas e os amonitas remanescentes, que formarão a nação de Amom no milênio.
Egito – O seu futuro é detalhado em Isaías 18:1-22. Haverá guerra civil, desolação e fome. Nos versículos 11 a 15, a causa da sua devastação será uma má liderança que desviará o povo. É o que aconteceu nos governos de Farouk, Násser e Sadat, quando o Egito declarou guerra contra Israel em quatro ocasiões, resultando em grandes perdas para o Egito e ruína da sua economia. Como resultado, o Egito virá a temer Israel (Isaías 19:16-17). Desde a antiguidade, o Egito nunca temeu Israel, mas desde 1948, e especialmente desde a guerra dos seis dias, as forças armadas do Egito evidenciaram o receio e temor retratado nesses versículos. Profeticamente, hoje estamos no período de Isaías 19:16-17. Eventualmente o Egito se converterá ao Deus verdadeiro através do Senhor Jesus e viverá em paz com Israel. Durante os primeiros quarenta anos do milênio os egípcios estarão dispersos pelo mundo, mas depois voltarão à sua terra (Ezequiel 29:12) e serão uma nação, gozando da bem-aventurança do Senhor dos Exércitos, junto com a Assíria (norte do Iraque) e Israel (Isaías 19:25).
Assíria (norte do Iraque) – Também se converterá, como o Egito, e será novamente ligada a Israel e ao Egito por uma estrada possibilitando unidade política, econômica e religiosa (Isaías 19:23-25). Estará presente no milênio.
Arábia Saudita - chamada na Bíblia de Quedar e os reinos de Hazor, será devastada conforme Jeremias 49:28-33 e se tornará em desolação para sempre. A paz com Israel virá, mediante a destruição permanente dessa nação.
Irão – Antiga Elam, não é árabe, mas participa da mesma religião que os árabes muçulmanos, o islamismo. Segundo Jeremias 49:34-38, também será destruído e todos os seus habitantes se dispersarão pelo mundo, mas o versículo 39 declara que, nos últimos dias, voltarão à sua terra, assim como farão os egípcios. A Bíblia não revela quanto tempo durará a sua dispersão, mas estará presente no milênio.
Babilônia (sul do Iraque) – Capital do Anticristo, segundo diversas passagens bíblicas, será assolada e durante todo o milênio ficará desabitada por seres humanos, e tomada por animais selvagens (Isaías 13:20-22). Sua destruição será semelhante à de Sodoma e Gomorra (Jeremias 50:39-40), total e completa (Jeremias 51:41-43), tornando-se lugar de contínuo incêndio e fumaça (Apocalipse 19:3). Também os animais selvagens de Isaías e Jeremias, como os conhecemos, não poderiam viver nesse ambiente, logo são demônios como aprendemos em Apocalipse 18:1-2, que estarão presos ali durante o milênio. Entendemos que os demônios têm semelhança com animais, conforme Apocalipse 9 e outras passagens. A palavra hebraica traduzida por “sátiros” em Isaías 13:21 na verdade significa “demônios em forma de bodes”, e a palavra “Lilite”, traduzida como “criaturas noturnas”, ou “fantasmas”, significa “demônios da noite”.
Edom (sul da Jordânia) – Como a Babilônia, será desolado e desabitado perpetuamente por causa dos seus pecados contra Israel, virando lugar de fogo e fumaça, ocupado por demônios (Isaías 34:8-15, Jeremias 49:17-18, Ezequiel 35:10-15).
Em conclusão:
Verificamos que durante o reino milenar de Cristo a maioria dos países árabes continuará a existir, tendo se convertido ao verdadeiro Deus depois de castigados por guerras e calamidades. Mesmo o Egito prosperará com o retorno dos que haviam fugido. Mas a Babilônia e Edom nunca mais serão habitados por seres humanos.