Hebreus 13:7-17
Aos hebreus, a quem foi dirigido este livro, é recomendado nesta passagem que se lembrem dos seus guias, os mestres que lhes ensinaram a Palavra de Deus. Observando o êxito que tiveram em sua carreira cristã, a sua fé deve ser imitada. Temos para nós os exemplos dados no Novo Testamento de alguns, como Paulo e seus companheiros, que pela fé levaram o Evangelho ao mundo descrente. Alguns dos campeões da fé na antiguidade são bons exemplos, como vemos no capítulo 11. Todos mantiveram a sua confissão firme até o fim da vida, e vários foram até martirizados.
Essa é a fé que se apega a Cristo e à doutrina cristã, que traz Deus para nosso lado em cada passo da vida neste mundo. Não somos todos chamados para as mesmas formas de serviço, mas todos somos chamados a uma vida de fé.
Jesus Cristo é o Filho de Deus, “ontem” chamado Javé, o Senhor, e hoje o Messias, ou Senhor Jesus Cristo em nosso idioma, eternamente imutável. Que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre foi o foco do ensino, do objetivo e da fé desses guias dos hebreus.
Em seguida vem uma advertência contra os falsos ensinos. Os judaizantes insistiam que a santidade estava ligada a coisas externas, tais como cerimônias, rituais e alimentos, por exemplo. A verdade é que a santidade é produzida pela graça, não pela lei. Os estatutos relativos a alimentos “limpos” e “imundos” visavam produzir uma limpeza ritual. Mas não produziam santidade espiritual.
Um homem pode estar cerimonialmente limpo e ainda estar cheio de ódio e hipocrisia. Só a graça de Deus pode inspirar e capacitar os crentes a viver vidas santas. O amor pelo Salvador que morreu por causa de nossos pecados nos motiva a "viver sobriamente, com retidão e tementes a Deus na época presente" (Tito 2:12). Afinal de contas, as regras infinitas com respeito aos alimentos e bebidas não têm sido úteis para a santificação dos seus adeptos.
Não percamos o triunfo das palavras "Temos um altar". É a resposta confiante do crente às repetidas provocações dos judaizantes. Nosso altar é Cristo, e, portanto, inclui todas as bênçãos que se encontram n’Ele. Os que estiverem ligados ao sistema Levítico perdem os privilégios melhores do Evangelho. Primeiro devem admitir e se arrepender de seus pecados e depois receber Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador.
Sob o sistema sacrificial, certos animais eram mortos e seu sangue era trazido para o lugar Santo dos Santos pelo sumo sacerdote como um sacrifício pelo pecado. Os corpos desses animais eram transportados para um lugar longe dos arredores do Tabernáculo e queimados. “Fora do arraial” significa fora da cerca exterior que rodeava o Tabernáculo.
Os animais queimados fora do arraial foram um tipo; o Senhor Jesus foi o antítipo. Ele foi crucificado fora dos muros da cidade de Jerusalém. Foi fora do arraial do judaísmo organizado que Ele santificou o povo com Seu próprio sangue.
A aplicação para os primeiros leitores da epístola foi esta: eles deviam romper com o judaísmo. Eles deviam de uma vez por todas virar as costas aos sacrifícios do templo e apropriarem-se da obra terminada de Cristo como Seu sacrifício suficiente. A aplicação para nós é semelhante: o “arraial” de hoje é todo o sistema religioso que ensina a salvação pelas obras, pelo caráter, pelo ritual ou por ordenanças. É o sistema das igrejas modernas com seu sacerdócio ordenado humanamente, seus instrumentos físicos para adorar e sua pompa cerimonial. É a cristandade corrupta, uma igreja sem Cristo. O Senhor Jesus está lá fora e temos de sair para estar com Ele, levando a Sua ignomínia.
Jerusalém era amada pelos que serviam no templo. Era o centro geográfico do seu “arraial”. O crente não tem uma cidade assim na terra. Seu coração está dirigido à cidade celestial, a nova Jerusalém, onde está o Cordeiro em toda a Sua glória. O sacrifício de louvor é o fruto de lábios que reconhecem o Seu nome. A única adoração que Deus recebe é a que procede das almas redimidas.
No Novo Testamento todos os crentes são sacerdotes. São sacerdotes santos, indo para o santuário de Deus para a adoração (1 Pedro 2:5), e são sacerdotes reais, saindo ao mundo para testemunharem (1 Pedro 2:9). Há pelo menos três sacrifícios que um crente-sacerdote oferece.
- O primeiro é o sacrifício de sua própria pessoa (Romanos 12:1).
- Em seguida, neste versículo 15, está o segundo: o sacrifício de louvor. É oferecido a Deus através do Senhor Jesus. Todo nosso louvor e adoração passa por Ele antes de chegar a Deus Pai; nosso grande Sumo Sacerdote remove todas as impurezas e imperfeições e acrescenta Sua própria virtude a elas. O sacrifício de louvor é o “fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (versículo 15).
- O terceiro sacrifício é a oferta de nossas posses. Devemos usar nossos recursos materiais para fazer o bem e na partilha com aqueles que estão em necessidade. Deus Se agrada com esse sacrifício. É o oposto de acumular para si.
Os leitores foram instruídos, nos versículos 7 e 8, a se lembrarem dos seus guias no passado. Agora eles são ensinados a obedecer aos seus líderes presentes. Isso diz respeito principalmente aos que estão na direção da igreja local. Esses homens agem como servos de Deus na igreja. Receberam essa autoridade, e os crentes devem ser submissos a eles. Como responsáveis diretos ao Supremo Pastor, os superintendentes (“presbíteros”) cuidam pelas almas do rebanho. Um dia terão que prestar contas a Deus pelo seu desempenho. Farão isso com alegria ou tristeza, dependendo do progresso espiritual do seu rebanho. Se for com tristeza, isto significará perda de galardão por esses santos. Portanto, é para benefício de todos respeitar as linhas de autoridade que Deus estabeleceu.