Em 12 de fevereiro de 1809, na modesta cidade de Shrewsbury, Inglaterra, nasceu Charles Darwin. Seu nome é agora conhecido mundialmente e festejou-se o segundo século após seu nascimento este ano. Imprimiram-se selos postais, escreveram-se artigos, e realizaram-se conferências por toda parte. Sua influência sobre um grande segmento do cristianismo nos leva a fazer um curto relato sobre ele.
Na cidade de Shrewsbury seu nome está em todo lugar: foi dado a uma rua, a um terraço público, ao “shopping”, a jardins públicos. Ao entrar na biblioteca da cidade, destaca-se uma estátua de Darwin, já velho, com uma placa anunciando que foi neste mesmo edifício que Darwin foi educado. Na moderna escola da cidade, uma estátua de Darwin, agora de quando era jovem, com esculturas de vários animais que viu nas ilhas Galápagos, do Chile, recebe os alunos ao comparecerem às aulas.
Ali se ensina, como em escolas ao redor do mundo, que a evolução darwiniana é fato indisputável. A Bíblia, que era parte do currículo escolar nacional até meados do século passado, não se abre mais e o cristianismo é colocado no mesmo nível que islamismo, budismo e outras religiões nas aulas de educação religiosa.
Para aproveitar a publicidade já existente, e fomentar ainda mais turismo para encher os cofres da prefeitura e dos comerciantes locais, além de celebrar os 200 anos desde o nascimento de Darwin, a cidade está celebrando este ano 150 anos desde a publicação do seu famoso livro “Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”, e já tem um plano estratégico de promoção para os próximos 30 anos.
Ironicamente, o corpo de Darwin foi sepultado na abadia de Westminster em Londres, pertencente à igreja anglicana estatal, assim honrando um homem que inventou e disseminou as teorias da evolução, contrárias ao próprio fundamento do cristianismo.
Depois de escrever o seu livro “Sobre a Origem das Espécies”, em que divulgou a idéia que a vida pode ser explicada através de processos “naturais”, sem um Deus criador, anos mais tarde Darwin publicou outro denominado “A Descendência do Homem” no qual ele aplicou suas ideias evolucionistas na origem do homem e postulou que a humanidade descendia de ancestrais semelhantes ao macaco. Essa teoria ataca a autoridade da Palavra de Deus no livro de Gênesis, que é fundamental para toda a doutrina cristã, mesmo até a da Bíblia inteira.
De acordo com Charles Darwin, o mecanismo central da evolução é a sobrevivência do mais apto. Neste conceito, os animais inferiores têm mais probabilidade de se extinguir enquanto os superiores têm mais probabilidade de prosperar. O racismo que esta ideia produziu está bem documentado e extensamente divulgado, notoriamente construindo a base do nazismo, que condenava à extinção as “raças inferiores”, assim considerados os judeus, os ciganos etc., e promovia à liderança a “raça ariana”, limitada aos germânicos “puros” segundo a concepção de Hitler e seus asseclas.
Tem sido menos divulgado e portanto menos conhecido o fato que muitos evolucionistas, incluindo Darwin, seguindo o conceito da sobrevivência do mais apto chegaram à conclusão, e ensinaram, que as mulheres são biológica e intelectualmente inferiores aos homens. Seu raciocínio foi que, entre outras coisas, a guerra e a caça podaram os homens mais fracos, deixando somente os mais fortes voltar para casa e se reproduzirem, enquanto que as mulheres não estavam sujeitas a estas pressões da seleção, tendo sido protegidas pelos homens, assim permitindo que as fracas sobrevivessem.
Concluíram, mediante a sua lógica, que as mulheres evoluíram menos do que os homens, e por causa de seus cérebros menores, são “eternamente primitivas”, infantis, menos espirituais, mais materialistas, e “um perigo real para a civilização contemporânea”. A suposta diferença que muitos grandes proponentes de Darwin acreditavam que existia entre os dois gêneros humanos era tão grande que um deles os classificou como duas espécies diferentes, o “Homo frontalis” que seria o masculino e o feminino seria “Homo parietalis”. Darwin se espantou que “seres tão diferentes pertencessem à mesma espécie”.
Muitos biógrafos de Darwin concedem que ele tinha uma baixa opinião das mulheres. Um deles, Brent, declarou que “seria difícil conceber uma atitude mais autoindulgente, quase insolente, sobre a subserviência das mulheres aos homens do que essa de Darwin”.
Em contraste com essa teoria evolucionista, a Bíblia ensina que todos os seres humanos descendem de Adão e Eva, tendo Adão sido criado especialmente por Deus e Eva produzida por Ele de uma costela de Adão. Todos seus descendentes são resultantes da matéria inicial, o que é provado pela ciência moderna, não importando diferenças físicas entre os dois sexos, ou cor da pele, dos olhos, grupo sanguíneo etc., resultantes de adaptação (não evolução) ao meio ambiente: todos são irmãos e irmãs. Além disso, em Cristo “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28). Homens e mulheres, judeus, gentios, escravos, cidadãos livres, todos têm igualdade pessoal diante de Deus. Um não é superior ao outro, embora seus papéis possam diferir em sua vida aqui.
Na casa onde Darwin morava, agora preservada pelo seu valor histórico, encontra-se este esclarecimento, colocado acima de um alto-relevo do texto de Gênesis 1:
“Muitos cristãos acreditavam que o mundo e tudo que há nele, incluindo a humanidade, foram criados por Deus no início e permaneceram inalterados… A teoria de Darwin mostrou o absurdo disto. Disse que o mundo era um lugar constantemente em mudança e que todas as criaturas vivas estavam mudando muito. Longe de ter sido uma criação na própria imagem de Deus, Darwin sugeriu que a vida humana tivesse começado provavelmente como algo muito mais primitivo – a história de Adão e Eva era um mito.”
Em suma, esta foi a “grande obra” de Darwin pela qual ele é festejado. Em sua autobiografia ele escreveu:
“A essa altura eu havia gradualmente chegado a ver que o Velho Testamento, a partir da sua história manifestamente falsa do mundo, com a torre de Babel, o arco-íris como sinal etc., etc., por atribuir a Deus os sentimentos de um tirano vingativo, não era mais confiável do que os livros sagrados dos hindus, ou as crenças de qualquer pagão”.
Acontece que essas teorias de Darwin não só invadiram a igreja anglicana, mas também as principais instituições eclesiásticas cristãs, que têm se esforçado sobremaneira para reinterpretar o relato da criação encontrado no início da Bíblia e assim acomodá-lo à filosofia da evolução. Assim, da opinião que a evolução teria sido aproveitada por Deus surgiu a “evolução teísta”, que agora predomina nessa área. Em 2006, centenas de igrejas nos EUA se reuniram para celebrar o que chamaram de Domingo da Evolução para honrar Darwin no seu 197º aniversário, e nesta ocasião promoveram a doutrina que a evolução e a Bíblia são compatíveis, rejeitando a interpretação clara e literal do que se acha no livro de Gênesis, e aceitando como certas as ideias ateístas da evolução.
As consequências da abertura para essa heresia, que abala os fundamentos da fé cristã, foram das mais funestas. Ao invés de apenas acomodar os que tinham dificuldade em crer na criação do universo por Deus em seis dias, as novas gerações dos que foram batizados como crianças dentro dessas instituições passaram a rejeitar cada vez mais a autoridade da Bíblia. As instituições também viram seus esforços de evangelismo tornando-se quase inúteis.
Na Inglaterra muitos dos edifícios usados pela instituição anglicana, e por outras instituições protestantes se esvaziaram, e é comum vê-los transformados em residências, lojas, teatros, clubes noturnos, mesquitas e coisas ainda piores. É triste ver, por exemplo, uma capela Protestante onde antes se abria a Bíblia e se adorava a Deus, agora sendo usada como um templo sique (comunidade religiosa fundada no fim do século 15 AD) no andar superior, ficando o trono do seu livro sagrado, do guru Grantham Sahib, no andar inferior.
A cultura e a educação tanto nos países do Reino Unido, como no norte da Europa e da América do Norte, haviam sido moldadas em sua maior parte em princípios bíblicos, tendo, portanto, como base a Bíblia. Mas quando essa base foi sendo substituída pelo pensamento darwiniano em fundamentos instáveis de teorias humanas, começando pelas especulações de Darwin e seguidas por teorias evolucionistas abraçadas também pela chamada “ciência” ensinada a partir da infância, e a Bíblia a ser encarada cada vez mais como um livro mítico não confiável, o vácuo gerado pelo ateísmo na moralidade em geral e na responsabilidade individual cresceu assustadoramente e está causando o desmoronamento da civilização ocidental.
Ficam assim evidentes as consequências desastrosas que vieram da rejeição do relato bíblico, que é a realidade contada pelo supremo Autor do universo através do seu escriba inspirado, Moisés, que não só explica a origem de tudo o que vemos, mas também a do pecado, bem como revela a justiça e a benignidade de Deus, e a promessa de um Salvador que Se efetivou na Pessoa do Senhor Jesus.
Este é o legado de Charles Darwin.